Gatilhos emocionais: o que são e como lidar com eles?
Quem convive com transtornos mentais ou carrega alguns traumas do passado precisa lidar constantemente com os gatilhos emocionais.
Como são muito repentinos, eles podem realmente tornar alguns pensamentos e atitudes disfuncionais quando a pessoa menos espera, e até levar a comportamentos desesperados para se livrar daqueles sentimentos negativos, como o suicídio ou automutilação.
Portanto, para manter a saúde mental apesar deles é necessário conhecê-los e entender como afetam nossa vida. Isso pode não ser tão fácil, já que são muito particulares, mas é possível reduzir a influência deles no cotidiano!
O que é um gatilho emocional?
Quando falamos sobre gatilho emocional, nos referimos a uma resposta mental (gatilho específica), que envolve emoções, pensamentos e comportamentos mais específicos, conectados principalmente a experiências passadas.
Os gatilhos emocionais podem ser tanto negativos quanto positivos, mas necessariamente remetem a momentos que já aconteceram, no sentido de “reviver” aquilo.
Isso é assim, tão intenso, e nos acompanha ao longo da vida porque acontece em um momento no qual ainda não temos recursos emocionais para lidar com certos fatos. Um exemplo disso são as lembranças da infância. Quando somos crianças, como não entendemos muito o mundo em que vivemos, tudo parece muito maior do que deveria e até ameaçador.
Qualquer acontecimento nessa situação pode se tornar um trauma e ficar gravado em nosso subconsciente. Então, sem saber, iremos lidar com isso durante toda a nossa vida.
Imagine que você teve um ótimo momento com sua mãe ou seu pai durante a apresentação de um musical no teatro. Ao ouvir alguma música daquela peça, você automaticamente receberá uma injeção de sentimentos e pensamentos bons, não é mesmo?
Por outro lado, se você teve algum momento desesperador, ou até uma crise, e estava passando algum filme naquela hora, você pode ter um gatilho para lembranças negativas ao assisti-lo novamente, entendeu? Tudo pode gerar essa resposta, desde cheiros até cores, gestos, lugares, e claro, ações de qualquer pessoa em relação a você.
Sendo assim, é muito importante compreender que os gatilhos emocionais nem de longe constituem algo linear ou idêntico para todos. Eles são extremamente particulares e, às vezes, podem ser difíceis de detectar.
O que os gatilhos emocionais podem trazer?
Quando falamos sobre sintomas, a ideia das particularidades permanecem. Alguns gatilhos emocionais são tão específicos que fogem de qualquer padrão.
Existem até mesmo as pessoas que podem reviver sintomas físicos ao se depararem com um local ou indivíduo. Se eles estiveram envolvidos em algum momento em que elas sentiram dores, por exemplo, essa sensação (ainda que mais fraca) pode surgir quando o gatilho é acionado.
Entretanto, os sintomas mais comuns, que podem indicar uma resposta a esse tipo de estímulo, são:
- perda de controle;
- crises de ansiedade ou pânico;
- medo;
- desespero;
- estresse;
- sensação de vazio interno;
- sentimento de culpa, inferioridade ou julgamento;
- flashbacks das situações relacionadas aos gatilhos emocionais acionados;
- problemas de autoestima.
Além disso, há uma questão mais complexa envolvida, que diz respeito ao relacionamento com as pessoas. Pense que durante uma conversa você pode ouvir algo que age como um gatilho em sua mente e, automaticamente, reagir de maneira ríspida, grosseira, àquela colocação.
Como a pessoa com quem você está conversando não sabe exatamente o que aquilo significa para você, essa situação pode começar a desgastar relacionamentos e amizades.
Notar a presença de tais sintomas é o primeiro passo. Mas ainda é necessário saber o que exatamente traz toda essa onda de sentimentos e questões à tona. Para isso, você precisa identificar os gatilhos.
Identificação dos gatilhos emocionais
Antes de aprender a lidar com os gatilhos emocionais presentes em sua vida, você precisa identificá-los. Essa pode não ser uma tarefa muito fácil, afinal, às vezes eles não são totalmente conscientes.
Uma boa maneira de começar é fazendo uma análise do que você tem sentido com mais frequência. Por exemplo: suponha que em três momentos da última semana você tenha apresentado crises de ansiedade ou um certo medo de algo, e você sabe que isso acontece bastante. Já parou para pensar se não existe algo em comum nesses momentos, que gere essa sensação?
Podem ser até detalhes que parecem sem importância, como uma demanda específica no trabalho, muitas roupas para passar ou uma atitude específica de alguém ao seu lado. Independentemente disso, conseguir notar um ou mais gatilhos já vai te ajudar bastante a começar a lidar com eles.
Um detalhe que merece atenção aqui é que nada é “bobo” ou “pequeno demais”. Na verdade, pensar assim de certas situações pode dificultar ainda mais a identificação dos gatilhos emocionais que te afetam.
Isso porque aquele acontecimento que você julgou “bobo” e reagiu intensamente, mesmo achando que nunca poderia causar algo assim, pode ser um gatilho e você precisa saber!
Caso queira, pode inclusive anotar em um caderno, ou no celular, as respostas e estímulos descobertos. Assim, eles estarão sempre lá para você analisar e entender um pouco mais sobre si mesmo.
“Alerta de gatilho!”
Você já deve ter lido esse aviso em algum lugar pela internet, certo? Tirando os momentos em que isso se torna uma ideia bem humorada, normalmente esse tipo de colocação serve para já avisar que aquele conteúdo pode conter gatilhos emocionais para algumas pessoas.
Como eles podem ser muito intensos e realmente afetar o dia do leitor, esse tipo de aviso é essencial para garantir que quem for sensível àquele assunto não leia o texto. Porém, como você vai saber se aquilo é seguro ou não, se não tiver seus gatilhos identificados?
Pode ser que aquele aviso nem sirva para você, mas pode ser um gatilho que você desconhece. Ou seja, há a chance de ser algo bem complicado de lidar.
Conhecer os seus estímulos e respostas, e buscar continuamente entendê-los, é algo essencial até mesmo para um tratamento futuro. Portanto, pense nisso e analise as situações!
Como lidar com os gatilhos emocionais?
Agora que você já começou a identificar e entender os seus gatilhos emocionais, pode começar a lidar com eles com mais tranquilidade e certeza. A ideia aqui é transformar os momentos de aflição em alguns minutos para refletir. Assim, você também começará a desenvolver a sua inteligência emocional.
Sem a reflexão, os impulsos originados por estímulos repentinos não são controlados. Em certos casos, as respostas automáticas podem ser tão impulsivas que levam até mesmo a pensamentos suicidas e atitudes violentas, dependendo da gravidade e da intensidade com que surgem.
Por isso, para que consiga respirar nesses momentos e realmente se voltar para si antes de qualquer ação impensada, existem algumas atitudes que você pode incluir no dia a dia:
- Não seja duro com você mesmo;
- Entenda as emoções e sintomas;
- Conheça seus gatilhos positivos e os utilize!
Veja mais detalhes sobre como cada uma pode fazer parte da sua rotina:
Não seja duro com você mesmo
As respostas automáticas são inevitáveis, e muitas vezes pode ser difícil conviver com elas já que, quando menos se espera, algo pode acontecer e ser um gatilho para você. Por isso, o melhor para começar é não se cobrar tanto e entender que é uma realidade.
Tente evitar o nervosismo ou desespero a cada vez que surgir um estímulo, independentemente de como você reagir. Use cada oportunidade para se autoconhecer melhor, identificar e compreender a maneira como certos acontecimentos te afetam.
Respire, pense, racionalize e se volte para você alguns instantes: “Porque e como isso está me deixando desse jeito?”
Entenda as emoções e sintomas
Assim como controlar o desespero e entender de modo geral o que está acontecendo quando um de seus gatilhos emocionais é acionado, destrinchar as emoções e outros sintomas que aparecem também é uma boa tática para lidar com esses momentos.
Avalie com cuidado como aquelas sensações passam por você. O que o medo faz? E a sensação de culpa? A boca fica seca, há falta de ar, tremedeiras? Cada pessoa reagirá de maneira diferente, e descobrir exatamente o que ocorre com você é importante para conseguir alinhar o gatilho em si ao que ele gera como resposta.
Conheça seus gatilhos positivos e os utilize!
Mapear os seus gatilhos emocionais negativos é essencial, mas é necessário fazer o mesmo com os positivos. Isso porque você pode tranquilizar os sintomas de uma resposta negativa com uma positiva de igual intensidade!
Um exemplo: imagine que você sabe que caminhar ao ar livre te tranquiliza. Caso um estímulo te traga algo negativo, sair para visitar um parque ou uma praça pode melhorar muito a angústia ou desespero com aquela situação.
Porém, para que você consiga fazer isso, precisa conhecer o que lhe faz bem, certo? Portanto, passe também a notar esses pequenos momentos de prazer!
Aposte na terapia para lidar com os seus gatilhos
Um dos processos que mais ajuda na hora de lidar com os gatilhos emocionais é a ressignificação. Em resumo, você precisa se reconectar conscientemente com as questões que geraram os seus gatilhos, para então conseguir separar o que acontece hoje em sua vida daquele trauma passado.
Assim, você conseguirá entender que, por exemplo, aquele assunto que seu amigo falou e te incomodou, ou aquele feedback mais pesado do chefe, não foram para te provocar, e sim que isso foi uma interpretação sua baseada em algo que aconteceu lá atrás na sua vida!
Quer investir em seu autoconhecimento e ampliar seus horizontes, desenvolvendo mais inteligência emocional para lidar com essas situações? A terapia pode ajudar. Atualmente diversas plataformas disponibilizam via internet a terapia online. Inclusive a vittude.com
Fonte: Vittude por Tatiana Pimenta – Imagem: Reprodução/Vittude
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