Comparar os filhos: por que é prejudicial + 6 dicas para evitar
A comparação de filhos é algo bastante comum nas relações familiares.
Quem é pai ou mãe e tem irmãos, com certeza já ouviu os pais falarem frases como “seu irmão é mais focado nos estudos” ou “gostaria que sua irmã fosse tão organizada quanto você”.
Para muitas pessoas, essas frases são inofensivas e fazem parte da realidade das famílias.
Contudo, a comparação entre filhos pode gerar alguns efeitos negativos para os comparados, como, por exemplo, o surgimento de uma rivalidade.
Se você quer criar seus filhos sem malefícios das comparações, não deixe de acompanhar este artigo até o final.
A seguir, nós iremos debater por que comparar as crianças não é algo saudável.
E além disso, vamos apresentar algumas comparações que são feitas pelos pais de forma natural e quase imperceptível e dicas para evitar este hábito. Boa leitura!
Por que não é saudável comparar os filhos?
Bom, para começar, vamos falar de uma grande verdade: ninguém gosta de ser comparado, ainda mais quando essa comparação serve para apontar algo negativo em nós.
Isso ocorre com crianças e também adultos.
Quer um exemplo?
Nada mais desagradável do que seu chefe chegar para você e dizer “gostaria que você fosse tão proativo quanto seu colega”.
Pense no efeito dessa frase.
Logo após ouvi-la, podem surgir sentimentos como ansiedade, insegurança, raiva, vergonha e até autodepreciação.
Tudo isso ocorre porque certas comparações são muito inadequadas, só geram desconforto e não trazem nenhum ensinamento.
No caso da comparação entre filhos, é importante lembrar que as crianças querem ser amadas e aceitas pelos seus pais.
Quando uma comparação acontece, aquele irmão que foi “diminuído” poderá sentir que não tem o mesmo nível de carinho dos pais, o que abre margem para emoções negativas como frustração e rivalidade.
Se as comparações são habituais dentro da família, esses sentimentos ruins vão escalando e se cristalizando nas relações fraternais. E dessa maneira, pode ter consequências permanentes na relação que os irmãos terão até o fim da vida.
Por fim, as comparações entre irmãos geram efeitos diferentes entre os comparados. Aquele que foi enaltecido pode sentir que suas atitudes são todas aprovadas e que ele é melhor e mais importante que seus irmãos.
Já aquele que foi diminuído na comparação pode ter dificuldade de entender quem ele é, afinal, suas atitudes estão sendo reprimidas e ele deve “se moldar” ao exemplo do irmão.
5 comparações feitas pelos pais sem perceber
Quem é pai ou mãe pode estar pensando algo como “mas eu nunca provoquei uma comparação entre meus filhos”.
Contudo, é importante refletir, pois certas comparações acabam surgindo de forma muito natural, a ponto de passarem despercebidas.
Nós separamos 5 exemplos que costumam surgir com tanta naturalidade no ambiente familiar que os pais muitas vezes nem se dão conta do que fizeram, acompanhe:
1. “Seu irmão come tão bem, por que você não faz como ele e raspa o prato?”
Esse é o tipo de comparação que parece totalmente inofensiva para os adultos, afinal de contas, ela parece servir apenas para motivar um filho que come mal. Mas é preciso pensar que nem todas as pessoas têm o mesmo apetite e muito menos a mesma preferência por alimentos.
Quando essa frase surge, o “filho que não come” pode sentir-se como um ser inferior, que é incapaz de aproveitar os alimentos, e que desagrada seus pais.
2. “Quando seu irmão toma vacina ele não chora. Você vai ser corajoso também, não vai?”
Novamente, estamos diante de uma comparação que os pais julgam ter apenas efeitos positivos.
Ela é usada para tentar dizer algo como “veja como essa picadinha não dói nada”, contudo, ao usar um irmão na comparação, os pais fazem com que a criança sinta que seu medo está sendo julgado e reprimido.
Cada criança tem suas fortalezas e fraquezas, e isso deve ser respeitado!
Em vez de comparar para estimular a coragem, os pais podem acolher o medo e ajudar na superação dele sem usar alguém como exemplo.
3. “Você tem que tirar notas tão boas quanto sua irmã tirava”
Irmãos mais novos muitas vezes recebem uma “herança cruel” dos mais velhos, que é o legado de sucessos e atitudes positivas. Isso é algo tão comum que virou até tema de desenho animado.
Na animação Irmão do Jorel, o personagem principal vive tão à sombra das glórias do primogênito que ele não é nem chamado pelo seu nome, mas sim pelo vocativo “irmão do Jorel”. Apesar de ser uma obra cartunesca de ficção, o desenho demonstra bem os efeitos dessa comparação.
Em diversos momentos, o irmãozinho tenta a todo custo copiar o irmão, buscar aceitação dos pais e atingir o mesmo nível de sucesso. E por muitas vezes ele se frustra.
A comparação dos sucessos é algo muito pesado e que pode ser um “tiro pela culatra”. Ou seja, aquilo que deveria servir de estímulo serve para alimentar a rivalidade e gerar insegurança.
4. “Não entendo por que você se veste tão diferente do seu irmão”
Nascer na mesma família não é garantia de que as preferências entre os irmãos serão parecidas. Nada impede que duas crianças que se criaram juntas sejam completamente diferentes, tanto nas emoções quanto em coisas mais superficiais, como preferência musical, estilo das roupas e hobbies.
A comparação apresentada no título pode acontecer quando um irmão tem o estilo mais próximo dos pais enquanto o outro apresenta mais diferenças.
Se os pais não tiverem a sensibilidade de perceber esse detalhe, essa comparação pode acontecer e fazer com que o “filho diferente” sinta-se um estranho no ninho e menos aceito pelos pais.
5. “Sua tia me disse que seu primo vai para escola sem reclamar”
Nem sempre a comparação acontece entre irmãos. Ela pode extrapolar o núcleo familiar e envolver primos, vizinhos, amigos etc.
Mesmo sem envolver crianças que moram juntas, as rivalidades e animosidades também podem surgir e prejudicar o relacionamento entre elas.
5 dicas para evitar a comparação entre os filhos
Agora, vamos apresentar algumas dicas que você pode aplicar na sua casa para evitar a comparação dos filhos e os efeitos negativos que elas podem gerar no seu ambiente familiar.
1. Lembre-se que as pessoas são únicas e diferentes entre si
Nunca se esqueça que nenhuma pessoa é igual a outra, nem mesmo os gêmeos univitelinos.
Ter isso em mente é fundamental para evitar comparações bobas, que estão refletindo apenas preferências pessoais do seu filho, como gostar mais de basquete do que de futebol ou preferir cenoura a tomate.
Pais e mães precisam se lembrar da autenticidade que cada um carrega. Isso ajuda para que não surjam comparações que não trazem nenhum benefício à criança.
2. Não compare com os outros, compare seu filho com ele mesmo
Em vez de falar algo como “Hoje você está tirando notas tão boas quanto seu irmão tirava”, opte pela comparação entre o passado e o presente.
Ou seja, é melhor dizer algo como “Lembra das notas que você tirou? Olha como elas melhoraram graças ao seu empenho!”, comparando a evolução que ele mesmo teve.
Comparações, em muitos casos, ajudam a estimular a melhoria, mas elas são menos cruéis quando não envolvem outra pessoa.
3. Reflita sobre sua capacidade de aceitar as diferenças
Os adultos precisam refletir sobre seu nível de tolerância e aceitação das preferências de seus filhos.
Por exemplo, se você ama samba, não gosta de rock e tem um filho metaleiro, não há nada de errado no gosto musical dele. O problema está em você, que é incapaz de aceitar que existe uma preferência diferente da sua.
Tome cuidado com esse tipo de situação para evitar comparações negativas e que sejam apenas julgamentos seus perante algo com o qual você não se identifica tanto. E se as preferências entre vocês são distintas, que tal trocar a intolerância pela curiosidade? Quem sabe essa mudança não permita que você aprenda algo novo com seu filho!
4. Seja empático e se coloque no lugar dos filhos
Se a tentação de realizar uma comparação entre os seus filhos surgir, pare um momento e reflita sobre os efeitos dessa informação sobre as crianças.
Tente se colocar no lugar de quem foi comparado e reflita sobre qual sentimento aquela fala pode trazer. Será que ela realmente ensina algo? Será que ela não vai gerar um sentimento de rivalidade entre eles?
5. Não cultive as mesmas expectativas
Se você tem uma filha que foi capitã do time de vôlei e agora está percebendo que sua outra filha pequena não tem a mesma habilidade no jogo, será que é justo criar as mesmas expectativas?
Nunca se esqueça que parte das comparações aparecem pois você espera de uma criança o mesmo resultado que a outra ofereceu, e nem sempre isso vai acontecer.
Nem todo pai é o Richard Willians – o pai das irmãs Serena e Venus Willians, multicampeãs do tênis.
Ou seja, nem sempre seus filhos terão a mesma habilidade para desempenhar as tarefas com o mesmo sucesso, portanto, seja sensível às limitações e opte por acolher em vez de comparar.
Cada pessoa é única
Para fechar nosso artigo, lembre-se que as comparações entre irmãos podem gerar efeitos negativos tanto na infância quanto na idade adulta. Por isso, os pais devem evitar esse tipo de comportamento com os filhos desde muito cedo.
Afinal, alimentar rivalidade entre irmãos – que devem se apoiar – é uma atitude que pode gerar grandes desavenças dentro do seu núcleo familiar, algo que com certeza você não deseja, certo?
Por isso, fica o recado final: reflita antes de comparar e tente se colocar no lugar das crianças antes de fazer qualquer comparação.
Fonte: Objetivo Sorocaba – Imagens: Reprodução/Objetivo
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