Projeto de lei na Câmara prevê piso de pensão alimentícia de no mínimo 30 por cento do salário mínimo

piso de pensão alimentícia

Em análise na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 420/2022 prevê que a pensão alimentícia será de, no mínimo, 30% do salário mínimo vigente, cabendo ao juiz analisar as exceções. Atualmente, esse valor seria R$ 363,60. O texto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas Comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Autor da proposta, o deputado José Nelto (PODE-GO) explicou que a legislação, hoje, não estabelece valor mínimo para pensão alimentícia, cabendo ao juiz a fixação da quantia e a forma de prestação quando não ajustada entre os interessados. Segundo Nelto, não é razoável admitir que a criança ou o dependente de alimentos sobreviva com valor inferior a 30% do salário mínimo.

Essa lacuna acaba por permitir, segundo o parlamentar, muitos casos em que as partes acordem, ou mesmo os juízes fixem valores muito inferiores aos necessários à mantença do alimentado. O projeto prevê que caberá exceções quando o mínimo estabelecido ultrapassar 30% do valor da remuneração do alimentante.

Proposta acabaria engessando ações de prestação alimentícia, diz especialista

Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, seção Distrito Federal – IBDFAM-DF, o advogado Leonardo Vieira Carvalho discorda do texto da proposta.“Acabaria engessando as ações de prestação alimentícia no valor mínimo, deixando de atender o devido critério do trinômio alimentar, o qual analisa de forma minuciosa os casos de forma isolada, de acordo com a necessidade x possibilidade x proporcionalidade”, justifica.

“Assim, com a aprovação desse projeto de lei, o que já acontece na prática se consolidaria ainda mais, ou seja, os devedores passariam a esconder seu patrimônio real e afirmarem possuir uma renda baixíssima, buscando pagar um valor desprezível como pensão alimentícia”, acrescenta Leonardo.

Em contrapartida, segundo o advogado, “levando em consideração que em casos de famílias de baixa renda em que acabam sendo fixados pelos juízes valores bem abaixo do necessário para a sobrevivência do alimentando, seria muito interessante ter um valor pré-constituído”.

Leonardo lembra que, de acordo com o último levantamento do Cadastro Único – CadÚnico, feito em setembro, mais de 18 milhões de brasileiros estão em situação de pobreza ou extrema pobreza. “Não acredito que a instituição de um piso de pensão alimentícia atenderia tais famílias. Entendo que deve ser mantido o critério do trinômio para fixação de pensão alimentícia.”

O especialista também opina sobre as chances do projeto passar pelo crivo do Congresso Nacional e se tornar lei. “A proposta de lei deverá seguir adiante, no entanto, acredito que não será consolidada, tendo em vista que a proposta de instituição de um piso de pensão alimentícia não reflete a realidade de cada Estado e famílias”, conclui.

Fonte:  IBDFAM  (com informações da Agência Câmara de Notícias) – Imagem: por Anna Shvets no Pexels

Leia também:

indicador laranja apontando

TJGO mantém prisão civil de pai que deve pensão alimentícia desde 2014

Prisão de devedor de pensão alimentícia deve ser retomada, determina CNJ; especialistas opinam

STJ: Prisão por crime não exonera pai de pagar pensão

Pai que tentou se eximir do pagamento de pensão ao filho citando renda do padrasto tem pedido negado no TJRJ

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Enviar Mensagem!
Estamos Online!
Olá! Contate-nos!