Medo infantil: como trabalhar com a psicologia

medo infantil

O medo infantil é uma questão enfrentada por toda criança e, consequentemente, pelos pais. Uma criança não conhece muito do mundo, certo? Para ela, tudo é novidade e, em certas ocasiões, uma possível ameaça.

É normal que ela se assuste com coisas que nunca teve contato antes ou que ainda não compreende o funcionamento e/ou finalidade. Alguns exemplos são o escuro, animais de estimação, ferimentos e pessoas desconhecidas ou parentes distantes. 

O que é medo infantil? 

As crianças possuem medos diferentes dos adultos. Enquanto os adultos tendem a temer situações reais (mas que por vezes não tem probabilidade de acontecer com eles), as crianças temem tanto fatores da realidade quanto da fantasia. 

O medo é útil para as crianças até certo ponto. Esse sentimento permite que ela decida se deve enfrentar uma situação ou fugir de uma ameaça. Deste modo, a criança vai ganhando confiança, exercitando sua capacidade de tomar decisões e aprendendo a discernir quais medos são reais. 

“As crianças, principalmente as menores, sentem muitos temores. Alguns são passageiros e outros demoram mais para passar. Mas a simples presença da mãe ou do pai pode aliviar essa sensação ruim. Afinal, eles são poderosos para as crianças e a segurança de seus braços afasta os perigos reais e/ou imaginários”, diz a psicóloga Adriana de Mattos, parceira da Vittude.

Em alguns casos, no entanto, o medo infantil pode se tornar excessivo ou fantasioso. As crianças têm imaginação muito fértil. Apesar de ela ser uma ótima ferramenta para brincadeiras e produções criativas, ela também pode aumentar os perigos e ameaças presentes no mundo. 

Como não sabe administrar o medo, a criança pode desenvolver fobias e transtornos de ansiedade. Ela passa a ter medo de situações, pessoas e lugares que não apresentam ameaças reais a ela ou sua família.

Como as crianças administram o medo infantil? 

As crianças nem sempre sabem expressar como se sentem. Elas podem chegar nos pais e falar exatamente do que têm medo, mas essa conduta não é uma regra. 

Uma criança com medo pode chorar, ficar ansiosa, fazer birra, se jogar no chão, se esconder, pedir aos pais para não sair de casa aos prantos, ter pesadelos, fazer xixi na cama, se distanciar de amiguinhos na escola, se expressar através de desenhos, entre outros comportamentos. 

Algumas crianças também são mais medrosas do que outras devido à sua personalidade, histórico de ansiedade na família, vivência de eventos estressantes (separação dos pais, mudança de cidade ou escola) e educação superprotetora. 

Os pais devem cercar a criança com medo de muito carinho e compreensão para reduzir a sua ansiedade. Eles são essenciais no processo de superação do medo infantil, mas devem usar o bom senso para não acabar contribuindo para a sua ansiedade. 

Dizer coisas como “não seja bobo” e “você já é grandinho para ter medo disso” não ajuda os pequenos. Ao contrário, essas falas podem afetar a sua confiança e desestimulá-los de compartilhar seus sentimentos com os pais. Fazer a criança enfrentar os seus medos também não é uma boa ideia. Deixe esse trabalho para o psicólogo. 

Medos comuns na infância

Pais vão perceber que a causa do medo infantil se modifica a cada fase da vida da criança. Sendo assim, é importante conhecer as possíveis razões de ansiedade e temores dos filhos para saber a melhor maneira de ajudá-los. 

Medo até os sete meses

Bebês formam um forte vínculo com seus pais e cuidadores. Aquele que passa mais tempo com eles normalmente se torna a sua “pessoa favorita”. As mães costumam ocupar essa posição, mas os pais e outros parentes também podem ser os favoritos. 

Assim, o bebê não gosta de se distanciar dela. Quando estranhos se encontram no ambiente ou quando precisa se afastar da pessoa favorita, ele fica inquieto. É comum que bebês percam esse medo com o crescimento.  

Como você pode ajudar: você pode se despedir do bebê quando precisar deixar o cômodo e avisar quando retornar para que ele aprenda a confiar em você. Reassegurá-lo que você voltará com uma expressão calma e confiante também o ajudará a se acalmar. Outra tática é segurar o bebê enquanto ele interage com outras pessoas para que ele entenda que elas não são uma ameaça. 

Medos até os três anos

Crianças até três anos estão aprendendo a lidar melhor com as suas emoções. Esse desenvolvimento é maior entre os dois e três anos. Nessa faixa etária, a criança se assusta com o escuro, barulhos estranhos, luzes fortes e pessoas estranhas. 

Como a fantasia começa a fazer parte da vida dos pequenos, eles também têm medo de pessoas fantasiadas, como Papai Noel, Palhaços e personagens de desenhos animados. 

Como você pode ajudar: evite visitar lugares com estímulos intensos, como música alta e grande movimentação de pessoas. Se isso for inevitável, faça de maneira gradativa e suave. Sinta como a criança reage antes de prosseguir. Os pais devem estar ao lado dos filhos quando eles tiveram que enfrentar situações novas. Diante de personagens fantasiados, mostre a criança que se trata apenas de uma roupa. Se ela ficar desconfortável não force a interação.  

Medos entre os três e quatro anos

Quando a criança começa a aprender mais sobre o mundo, a lista de medos tende a ficar longa. Alguns medos são reais e outros são imaginários. Assim que ela aprende a lidar com um, outro passa a incomodá-la. Aos quatro anos, a criança pode temer a morte quando um bichinho de estimação ou um dos avós morre. Ela também passa a ficar com medo de fantasmas, dragões e criaturas sobrenaturais que assiste na TV. 

O medo dos pais pode passar para as crianças. Quando ela vê a mãe ou o pai reagir com medo à alguma coisa (insetos, situações, barulhos), ela compreende que também deve ter medo daquilo. 

Alguns desses medos infantis, contudo, são bons. Eles ensinam a criança a evitar situações perigosas e se preservar. Por exemplo, ela pode ter medo de incêndios, animais que mordem, altura e carros em alta velocidade. 

Como você pode ajudar: aceite os medos da criança e não os julgue como “bobagens”. Demonstre a ela que você compreende como ela se sente. Ajude a criança a se preparar para “situações perigosas”. Conte uma história sobre ir ao dentista e voltar para casa bem e mais saudável. Modifique o cenário conforme novos medos aparecem. 

Medos entre os cinco e seis anos

As crianças dessa idade ficam com medo de elementos que não compreendem a causa e efeito, como vento, escuro, chuva e trovões. Também temem separação, morte e ferimentos. Elas podem chorar ao ver um amiguinho cair, ou ter medo dos pais não aparecerem para buscá-lo na escola. 

Outro medo típico dessa faixa etária é o de “se tornar grande”. Na verdade, esse temor está associado às mudanças que vem com o crescimento, como, por exemplo, precisar estudar mais e interagir com crianças mais velhas. 

Como você pode ajudar: explique o conceito da morte de maneira delicada, mas verdadeira. Permita que o pequeno se expresse e exponha seus medos, dizendo que você está ali a seu lado e nada de mal acontecerá. Explique como eventos naturais acontecem em termos simples para que ela compreenda que são partes normais da vida.

Medos entre os sete e 10 anos

O principal medo infantil das crianças maiores é ser castigado pelos pais, de fazê-los ficar com raiva e de não ser aceito pelos coleguinhas. Elas também podem ter medo de dormir sozinhas e enfrentar situações novas sem a presença dos pais. 

Como você pode ajudar: explique a importância de estabelecer regras para que não haja desentendimentos entre você e a criança. Destaque a necessidade do diálogo para resolver conflitos e se mostre aberto a sempre conversar com ela. Também é importante trabalhar a saúde mental da criança dela para que ela conviva bem com outras crianças. 

Como trabalhar o medo infantil com a psicologia? 

A linha que separa o medo da fobia é diferente para cada criança. A principal forma de distinguir um medo extremo ou fantasioso de um medo real é através da observação do comportamento da criança

Mudanças bruscas podem indicar que a criança precisa de ajuda. O medo está atrapalhando a rotina da criança? Está fazendo com que escolha se isolar, ficar em silêncio ou evitar situações novas? Ela apresentou condutas atípicas recentemente? 

Pais que identificarem esses sinais podem levar os filhos ao psicólogo. A psicoterapia infantil é uma especialidade focada em compreender e adentrar o mundo interno da criança, identificando seus medos, desejos e condutas inapropriadas. 

Dessa maneira, o psicólogo consegue ajudar a criança a administrar seus medos e encará-los com o cuidado necessário para não agravar a ansiedade. 

As famílias também se beneficiam com a terapia visto que recebem instruções do psicólogo de como agir com a criança com medo, ajudando-a a se sentir segura em casa e outros ambientes. 

Fonte: Vittude – Imagens: Freepik

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